Artista de Campinas transforma sentimentos em obras híbridas com o uso da
Inteligência Artificial e da tecnologia blockchain
Campinas, SP – Com um olhar sensível e inquieto, Fernanda
Carvalho vem se consolidando como uma das vozes mais expressivas da arte
contemporânea brasileira, especialmente no campo das experimentações digitais.
Representada pela curadora e galerista Lígia Testa, Fernanda
articula em sua produção elementos lúdicos e sociais, costurados por linhas
ortogonais e uma linguagem visual repleta de significados. Sua arte nasce do
encontro entre emoção e tecnologia, traço e algoritmo, memória e provocação.
Nascida em Campinas, em 1974, Fernanda é arquiteta
por formação, e carrega na bagagem mais de uma década de atuação na área antes
de, em 2019, abraçar em definitivo as artes visuais. Desde a infância já
demonstrava fascínio pelo desenho, e hoje traduz esse amor em obras híbridas
que utilizam diversas técnicas — como grafite, lápis de cor, nanquim, tinta
acrílica, colagem — sobre suportes físicos e, mais recentemente, digitais.
Fernanda Carvalho tem se destacado pelo uso criativo
da Inteligência Artificial no processo de concepção de suas obras. Mas, como
faz questão de frisar, a IA está sempre a serviço da ideia, nunca o contrário. “A
tecnologia é a evolução da técnica. No meu trabalho, a cada dia, a técnica dá
lugar à tecnologia. Mas ambas são apenas ferramentas. O verdadeiro protagonista
é a ideia”, afirma a artista.
Sua metodologia de trabalho é singular: ela parte de uma
emoção profunda — como indignação, tristeza, orgulho ou esperança — para
construir um universo visual. A imagem gerada pela IA se torna um cenário sobre
o qual Fernanda insere personagens criados manualmente em técnica mista.
Após fotografá-los, ela os insere digitalmente na obra, criando composições
impactantes e provocativas. Ao final do processo, a obra é transformada em NFT
(token não fungível) e registrada em blockchain.
Um exemplo dessa abordagem inovadora está na coleção “Casas
Inóspitas”, que nasceu a partir do relato comovente de uma pessoa que
enfrentou o preconceito após se assumir homossexual. A artista transformou essa
dor em arte por meio de um NFT intitulado “Casa de Marimbondos”, que
abriu caminho para toda a série. Nela, personagens vivem em cenários hostis e
simbólicos — como casas em forma de cactos, iglus, águas-vivas, plantas
carnívoras ou arcadas dentárias de tubarão. “Essas casas representam lugares
onde não há acolhimento, mas sim rejeição, violência e medo. A arte transforma
esse sentimento em reflexão”, explica.
A curadora Lígia Testa reconheceu o potencial da
artista desde suas participações em exposições virtuais e passou a
representá-la oficialmente. “Fernanda tem um olhar inovador e corajoso. Ela
mergulha fundo nas emoções humanas e as traduz em imagens que nos provocam, nos
cutucam. É o que a arte deve fazer”, destaca.
Fernanda Carvalho defende que a arte digital e os
NFTs precisam ser compreendidos como uma nova camada da produção artística
contemporânea. “É fundamental entender que nem tudo que é NFT é arte de
qualidade, assim como em qualquer meio. Mas há, sim, obras poderosas nesse novo
universo. O importante é usar a tecnologia com responsabilidade e emoção”,
diz.
Para Fernanda, o ciclo da criação artística só se
completa quando sua obra encontra o público. “Como diria Lígia Testa,
precisamos de Arte, mas a Arte precisa de pessoas. Se ao menos uma pessoa se
emocionar diante da minha obra, o processo já está completo.”
Fernanda Carvalho nos convida a um novo tempo, em que
emoção, técnica e tecnologia coexistem para expandir as possibilidades da arte
— sempre com um olhar humano, crítico e profundamente sensível.
Serviço
Obras de Fernanda Carvalho
Local: Galeria Ligia Testa
Informações: https://ligiatesta.com.br/
Instagram: @ligiatestaarte
Whats: 19 99792 7221